Sábado santo, sábado de silêncio,
reverente e respeitoso;
mataram o justo, o inocente,
penduraram-no no madeiro,
como ao pior dos malfeitores.
Algumas mulheres choram,
a multidão de espanto emudece;
o sol se apaga no céu,
as trevas cobrem a terra,
tudo ao redor é silêncio,
escuridão, morte e mistério.
Breve, muito breve, porém,
o túmulo se encontrará vazio,
a vida vencerá a morte,
as lágrimas de dor e pesar
se mudarão em lágrimas de alegria,
o choro se converterá em riso,
o pranto em grande festa.
A cruz aponta para a ressurreição;
a luz volta com seu brilho,
iluminando e dando calor
ao planeta e ao inteiro universo.
O madeiro maldito
em que crucificaram o justo, homem-divino, divino-homem,
se transfigura em lugar
da maior encruzilhada histórica:
nele a violência humana
se cruza com o amor gratuito
de um Deus cuja vingança
é o perdão como gesto supremo.
A cruz maldita se converte
em símbolo de amor e salvação,
porque em seu lenho
o encontro-desencontro
entre negativo e positivo
fez explodir o raio, a faísca,
que se transforma em fogo,
o qual aquece e abrasa,
casas e lares, corações e relações.
No madeiro maldito-bendito,
humano e divino se encontram:
ao revelar seu rosto luminoso,
Deus revela simultaneamente
o grande potencial humano
de luz e paz, amor e esperança.
FELIZ E SANTA PÁSCOA!
alfredo, SP, 19/04/2025