Introdução
"Nós acreditamos que a
Leitura Orante da Palavra é capaz de iluminar as buscas de todo ser humano e é
a partir da Sagrada Escritura que nós podemos melhor compreender o que
significa fazer a vontade de Deus. É a partir da Palavra que nós encontramos
orientações seguras para as iniciativas da comunidade de fé”, afirmou o papa
Francisco
1. Leitura (Verdade)
O que diz o texto do dia?
Lemos atentamente:
Lc 1,39-56, e observamos pessoas, palavras, relações, lugares.
39
Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se,
apressadamente, a uma cidade da Judeia.
40
Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel.
41
Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel
ficou cheia do Espírito Santo.
42
Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o
fruto do teu ventre!
43
Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?
44
Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no
meu ventre.
45
Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe
prometeu”.
46 Maria disse:
“A
minha alma engrandece o Senhor,
47
e o meu espírito se alegra em Deus, meu salvador,
48
porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me
chamarão bem-aventurada,
49
porque o Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo
50 e sua misericórdia se estende, de geração
em geração, a todos os que o temem.
51
Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração.
52
Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes.
53
Encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias.
54
Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia,
55
conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência
para sempre”.
56
Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa .
Refletindo
Pessoas: quem são as pessoas?
Maria, Isabel, João, Jesus, ......
Relações
No episódio da Visitação, Maria e Isabel viveram uma experiência inédita de si mesmas, quando uma se abriu para a experiência da outra, para a habitação de Deus na outra.
No momento, elas conseguiram assumir em si a outra pessoa, ou outro projeto de Deus.
O sentido último da solidariedade é esta capacidade de hospedar dentro de si uma outra pessoa – qualquer que ela seja -, e no episódio da Visitação tivemos a dilatação máxima do significado da solidariedade, porque as duas mulheres que foram protagonistas da cena estavam grávidas de filhos que, do ponto de vista das possibilidades humanas, eram filhos do impossível.
Elas se visitaram enquanto mães. Elas se reconheceram enquanto pessoas amadas e chamadas por Deus. Elas vibraram de alegria e se abençoaram enquanto foram capazes de escutar uma outra voz, capazes de agradecer, e de rezar.
Pensemos
em dois aspectos: solidariedade e escuta.
Solidariedade não significa apenas experimentar em si sentimentos positivos genéricos, ou um bem intencionado fazer algo por alguém. Não podemos reduzir o conceito a fatos exteriores, operativos, pois a solidariedade é algo que nasce da escuta interior, e cuja finalidade última é o descobrir-se em Deus, sentir-se na sua presença, sentir-se inserido no seu projeto. Não seria impossível nem impróprio dizer que o último degrau da solidariedade é a oração: não tanto enquanto um ato específico, mas como um estado habitual.
A solidariedade é uma resposta ao chamado de Deus e, de qualquer maneira que ela seja vivida, constitui sempre uma forma ativa de compromisso, é um serviço recíproco.
No episódio da Visitação é difícil dizer qual das duas mulheres precisava da outra, qual delas auxiliava e servia a outra. Nós estamos acostumados a dizer que Maria foi ao encontro de Isabel para servi-la: isso por força do hábito, e que empreendeu uma viagem para ver a outra. Mas as dinâmicas desse episódio não são assim tão simples.
A obrigação que motivou a visita de Maria a Isabel, segundo nos informou Lucas, não era uma obrigação de caráter material, de serviços práticos, desses auxílios caseiros que Isabel poderia receber sem problema algum por outras vias. Era uma necessidade que elas tinham de se confrontar na fé.
Escuta
O «shema’ Israel – escuta, Israel» (Dt 6, 4) – as palavras iniciais do primeiro mandamento do Decálogo – é continuamente lembrado na Bíblia.
São Paulo afirma que «a fé vem da escuta» (Rm 10, 17).
Lucas diz: 41 Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo”
Outros
textos sobre a escuta:
- «Fechar os ouvidos» para não ter de
escutar. Esta recusa de ouvir acaba muitas vezes por se transformar em
agressividade sobre o outro, como aconteceu com os ouvintes do diácono Estêvão
que, tapando os ouvidos, atiraram-se todos juntos contra ele (cf. At 7, 57).
Jesus convida os seus
discípulos a verificar a qualidade da sua escuta. «Vede, pois, como ouvis» (Lc 8, 18).
Não basta ouvir, é preciso
fazê-lo bem. Só quem acolhe a Palavra com o coração «bom e virtuoso» e A guarda
fielmente é que produz frutos de vida e salvação (cf. Lc 8, 15).
- O rei Salomão,
apesar de ainda muito jovem, demonstrou-se sábio ao pedir ao Senhor que lhe
concedesse «um coração que escuta» (
1 Rs 3, 9).
- E São Francisco de Assis exortava os seus irmãos a «inclinar o ouvido do coração» (Fontes Franciscanas, 216).
2. Meditação (Caminho)
O que o texto diz para nós, hoje? Convida-nos a sermos pessoas solidárias, a ser pessoas que escutam com o coração.
Recordamos as palavras dos bispos na Conferência de Aparecida:
“Agora, desde Aparecida, Maria
convida-os a lançar as redes ao mundo, para tirar do anonimato aqueles que
estão submersos no esquecimento e aproximá-los da luz da fé. Ela, reunindo os
filhos, integra nossos povos ao redor de Jesus Cristo.” (DAp
265).
No aspecto da escuta, o Papa Francisco convida:
”Escutai com o ouvido do coração”.
“A iniciativa é de Deus, que nos fala, e a ela correspondemos
escutando-O; e mesmo este escutar fundamentalmente provém da sua graça, como
acontece com o recém-nascido que responde ao olhar e à voz da mãe e do pai.
Entre os cinco sentidos, parece que Deus privilegie precisamente o ouvido,
talvez por ser menos invasivo, mais discreto do que a vista, deixando consequentemente
mais livre o ser humano”.
E diz mais:
“Só
prestando atenção a quem ouvimos, àquilo que ouvimos e ao modo como ouvimos é
que podemos crescer na arte de comunicar, cujo cerne não é uma teoria nem uma
técnica, mas a «capacidade do coração que torna possível a proximidade»
(Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 171).
Ouvidos, todos temos; mas muitas vezes mesmo quem
possui um ouvido perfeito, não consegue escutar o outro. Pois existe uma surdez
interior, pior do que a física. De facto, a escuta não tem a ver apenas com o
sentido do ouvido, mas com a pessoa toda. A verdadeira sede da escuta é o
coração.
Por isso, a primeira escuta a reaver
quando se procura uma comunicação verdadeira é a escuta de si mesmo, das
próprias exigências mais autênticas, inscritas no íntimo de cada pessoa. E não
se pode recomeçar senão escutando aquilo que nos torna únicos na criação: o
desejo de estar em relação com os outros e com o Outro. Não fomos feitos para
viver como átomos, mas juntos.
O Papa Francisco fala ainda da escuta como condição da boa comunicação
“Há um uso do ouvido que não é verdadeira escuta, mas o contrário: o espionar. De fato, uma tentação sempre presente, mas que neste tempo da social web parece mais assanhada, é a de procurar saber e espiar, instrumentalizando os outros para os nossos interesses. Ao contrário, aquilo que torna boa e plenamente humana a comunicação é precisamente a escuta de quem está à nossa frente, face a face, a escuta do outro abeirando-nos dele com abertura leal, confiante e honesta.
Esta falta de escuta, que tantas vezes experimentamos na vida quotidiana, é real também, infelizmente, na vida pública, onde com frequência, em vez de escutar, «se fala pelos cotovelos». Isto é sintoma de que se procura mais o consenso do que a verdade e o bem; presta-se mais atenção à audiência do que à escuta. Ao invés, a boa comunicação não procura prender a atenção do público com a piada barulhenta visando ridicularizar o interlocutor, mas presta atenção às razões do outro e procura fazer compreender a complexidade da realidade. É triste quando surgem, mesmo na Igreja, partidos ideológicos, desaparecendo a escuta para dar lugar a estéreis contraposições.”
Olhemos para nós mesmos/as agora e avaliemos como é a nossa ESCUTA. (pausa)
3.Oração (Vida)
O que o texto nos leva a dizer a Deus?
Ave Maria, cheia de graça....
4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual o nosso novo
olhar a partir da Palavra?
Vamos olhar o mundo e a vida com os olhos de Deus e o coração de Maria, vamos ouvir “com o ouvido do coração”, reconhecendo os anúncios que Ele, o Senhor, nos faz a cada instante.
Sendo o dia a *Vida Consagrada*, vamos cumprimentar os/as religiosas que conhecemos.