sábado, 17 de agosto de 2024

Lc 1,39-56 - A visita a Isabel - Domingo da Assunção de Nossa Senhora - 18 de agosto

                

Introdução

"Nós acreditamos que a Leitura Orante da Palavra é capaz de iluminar as buscas de todo ser humano e é a partir da Sagrada Escritura que nós podemos melhor compreender o que significa fazer a vontade de Deus. É a partir da Palavra que nós encontramos orientações seguras para as iniciativas da comunidade de fé”, afirmou o papa Francisco

1. Leitura (Verdade)

O que diz o texto do dia?

Lemos atentamente:

Lc 1,39-56, e observamos pessoas, palavras, relações, lugares.

39 Naqueles dias, Maria partiu para a região montanhosa, dirigindo-se, apressadamente, a uma cidade da Judeia.

40 Entrou na casa de Zacarias e cumprimentou Isabel.

41 Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo.

42 Com um grande grito, exclamou: “Bendita és tu entre as mulheres e bendito é o fruto do teu ventre!

43 Como posso merecer que a mãe do meu Senhor me venha visitar?

44 Logo que a tua saudação chegou aos meus ouvidos, a criança pulou de alegria no meu ventre.

45 Bem-aventurada aquela que acreditou, porque será cumprido o que o Senhor lhe prometeu”.

 46 Maria disse:

 “A minha alma engrandece o Senhor,

47 e o meu espírito se alegra em Deus, meu salvador,

48 porque olhou para a humildade de sua serva. Doravante todas as gerações me chamarão bem-aventurada,

49 porque o Todo-Poderoso fez grandes coisas em meu favor. O seu nome é santo

 50 e sua misericórdia se estende, de geração em geração, a todos os que o temem.

51 Ele mostrou a força de seu braço: dispersou os soberbos de coração.

52 Derrubou do trono os poderosos e elevou os humildes.

53 Encheu de bens os famintos e despediu os ricos de mãos vazias.

54 Socorreu Israel, seu servo, lembrando-se de sua misericórdia,

55 conforme prometera aos nossos pais, em favor de Abraão e de sua descendência para sempre”.

56 Maria ficou três meses com Isabel; depois voltou para casa .

Refletindo

Pessoas: quem são as pessoas?

Maria, Isabel, João, Jesus, ......

Relações

No episódio da Visitação, Maria e Isabel viveram uma experiência inédita de si mesmas, quando uma se abriu para a experiência da outra, para a habitação de Deus na outra.

No momento, elas conseguiram assumir em si a outra pessoa, ou outro projeto de Deus. 

O sentido último da solidariedade é esta capacidade de hospedar dentro de si uma outra pessoa – qualquer que ela seja -, e no episódio da Visitação tivemos a dilatação máxima do significado da solidariedade, porque as duas mulheres que foram protagonistas da cena estavam grávidas de filhos que, do ponto de vista das possibilidades humanas, eram filhos do impossível. 

Elas se visitaram enquanto mães. Elas se reconheceram enquanto pessoas amadas e chamadas por Deus. Elas vibraram de alegria e se abençoaram enquanto foram capazes de escutar uma outra voz, capazes de agradecer, e de rezar.

Pensemos em dois aspectos: solidariedade e escuta.

Solidariedade não significa apenas experimentar em si sentimentos positivos genéricos, ou um bem intencionado fazer algo por alguém. Não podemos reduzir o conceito a fatos exteriores, operativos, pois a solidariedade é algo que nasce da escuta interior, e cuja finalidade última é o descobrir-se em Deus, sentir-se na sua presença, sentir-se inserido no seu projeto. Não seria impossível nem impróprio dizer que o último degrau da solidariedade é a oração: não tanto enquanto um ato específico, mas como um estado habitual.

A solidariedade é uma resposta ao chamado de Deus e, de qualquer maneira que ela seja vivida, constitui sempre uma forma ativa de compromisso, é um serviço recíproco. 

No episódio da Visitação é difícil dizer qual das duas mulheres precisava da outra, qual delas auxiliava e servia a outra. Nós estamos acostumados a dizer que Maria foi ao encontro de Isabel para servi-la: isso por força do hábito, e que empreendeu uma viagem para ver a outra. Mas as dinâmicas desse episódio não são assim tão simples. 

A obrigação que motivou a visita de Maria a Isabel, segundo nos informou Lucas, não era uma obrigação de caráter material, de serviços práticos, desses auxílios caseiros que Isabel poderia receber sem problema algum por outras vias. Era uma necessidade que elas tinham de se confrontar na fé.

Escuta

O «shema’ Israel – escuta, Israel» (Dt 6, 4) – as palavras iniciais do primeiro mandamento do Decálogo – é continuamente lembrado na Bíblia.

São Paulo afirma que «a fé vem da escuta» (Rm 10, 17).

Lucas  diz: 41 Quando Isabel ouviu a saudação de Maria, a criança pulou no seu ventre e Isabel ficou cheia do Espírito Santo”

Outros textos sobre a escuta:

- «Fechar os ouvidos» para não ter de escutar. Esta recusa de ouvir acaba muitas vezes por se transformar em agressividade sobre o outro, como aconteceu com os ouvintes do diácono Estêvão que, tapando os ouvidos, atiraram-se todos juntos contra ele (cf. At 7, 57).

Jesus convida os seus discípulos a verificar a qualidade da sua escuta. «Vede, pois, como ouvis» (Lc 8, 18).

Não basta ouvir, é preciso fazê-lo bem. Só quem acolhe a Palavra com o coração «bom e virtuoso» e A guarda fielmente é que produz frutos de vida e salvação (cf. Lc 8, 15).

- O rei Salomão, apesar de ainda muito jovem, demonstrou-se sábio ao pedir ao Senhor que lhe concedesse «um coração que escuta» ( 1 Rs 3, 9).

- E São Francisco de Assis exortava os seus irmãos a «inclinar o ouvido do coração» (Fontes Franciscanas, 216). 

2. Meditação (Caminho)

O que o texto diz para nós, hoje? Convida-nos a sermos  pessoas solidárias, a ser pessoas que escutam com o coração. 

Recordamos as palavras dos bispos na Conferência de Aparecida: 

“Agora, desde Aparecida, Maria convida-os a lançar as redes ao mundo, para tirar do anonimato aqueles que estão submersos no esquecimento e aproximá-los da luz da fé. Ela, reunindo os filhos, integra nossos povos ao redor de Jesus Cristo.” (DAp 265).

 No aspecto da escuta, o Papa Francisco convida:

Escutai com o ouvido do coração”.
A iniciativa é de Deus, que nos fala, e a ela correspondemos escutando-O; e mesmo este escutar fundamentalmente provém da sua graça, como acontece com o recém-nascido que responde ao olhar e à voz da mãe e do pai. Entre os cinco sentidos, parece que Deus privilegie precisamente o ouvido, talvez por ser menos invasivo, mais discreto do que a vista, deixando consequentemente mais livre o ser humano”.

E diz mais:

“Só prestando atenção a quem ouvimos, àquilo que ouvimos e ao modo como ouvimos é que podemos crescer na arte de comunicar, cujo cerne não é uma teoria nem uma técnica, mas a «capacidade do coração que torna possível a proximidade» (Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 171).

Ouvidos,  todos temos; mas muitas vezes mesmo quem possui um ouvido perfeito, não consegue escutar o outro. Pois existe uma surdez interior, pior do que a física. De facto, a escuta não tem a ver apenas com o sentido do ouvido, mas com a pessoa toda. A verdadeira sede da escuta é o coração.

Por isso, a primeira escuta a reaver quando se procura uma comunicação verdadeira é a escuta de si mesmo, das próprias exigências mais autênticas, inscritas no íntimo de cada pessoa. E não se pode recomeçar senão escutando aquilo que nos torna únicos na criação: o desejo de estar em relação com os outros e com o Outro. Não fomos feitos para viver como átomos, mas juntos.

O Papa Francisco fala ainda da escuta como condição da boa comunicação

“Há um uso do ouvido que não é verdadeira escuta, mas o contrário: o espionar. De fato, uma tentação sempre presente, mas que neste tempo da social web parece mais assanhada, é a de procurar saber e espiar, instrumentalizando os outros para os nossos interesses. Ao contrário, aquilo que torna boa e plenamente humana a comunicação é precisamente a escuta de quem está à nossa frente, face a face, a escuta do outro abeirando-nos dele com abertura leal, confiante e honesta.

Esta falta de escuta, que tantas vezes experimentamos na vida quotidiana, é real também, infelizmente, na vida pública, onde com frequência, em vez de escutar, «se fala pelos cotovelos». Isto é sintoma de que se procura mais o consenso do que a verdade e o bem; presta-se mais atenção à audiência do que à escuta. Ao invés, a boa comunicação não procura prender a atenção do público com a piada barulhenta visando ridicularizar o interlocutor, mas presta atenção às razões do outro e procura fazer compreender a complexidade da realidade. É triste quando surgem, mesmo na Igreja, partidos ideológicos, desaparecendo a escuta para dar lugar a estéreis contraposições.”

Olhemos para nós mesmos/as agora e avaliemos como é a nossa ESCUTA. (pausa)

3.Oração (Vida)

O que o texto nos leva a dizer a Deus?

Ave Maria, cheia de graça.... 

4.Contemplação (Vida e Missão)

Qual o nosso novo olhar a partir da Palavra?

Vamos olhar o mundo e a vida com os olhos de Deus e o coração de Maria, vamos ouvir “com o ouvido do coração”, reconhecendo os anúncios que Ele, o Senhor,  nos faz a cada instante.


Sendo o dia a *Vida Consagrada*, vamos cumprimentar os/as religiosas que conhecemos.



Bênção
- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.




Mt 19,13-15 -Ser como criança

LEITURA ORANTE


 Considerai, Senhor, vossa Aliança e não abandoneis para sempre o vosso povo. Levantai-vos, Senhor, defendei vossa causa e não desprezeis o clamor de quem vos busca (Sl 73,20.19.22s).

Preparamo-nos para a Leitura Orante,
rezando, com todos que se colocam em torno da Palavra:

Espírito de verdade,
a ti consagro a mente 
e meus pensamentos: ilumina-me.
Que eu conheça Jesus Mestre 
e compreenda o seu Evangelho.
Ó Jesus Mestre, Verdade, Caminho e Vida,
tem piedade de nós.

1. Leitura (Verdade)

O que diz o texto do dia?
Fazemos a leitura atenta do texto: Mt 19,13-15, e observamos as atitudes e recomendações de Jesus.

Aleluia, aleluia, aleluia.
Graças te dou, ó Pai, Senhor do céu e da terra, / pois revelaste os mistérios do teu Reino aos pequeninos, / escondendo-os aos doutores! (Mt 11,25) 

Evangelho de Jesus Cristo escrito por Mateus: 
Naquele tempo, levaram crianças a Jesus, para que impusesse as mãos sobre elas e fizesse uma oração. Os discípulos, porém, as repreendiam. 
Então Jesus disse: “Deixai as crianças e não as proibais de virem a mim, porque delas é o Reino dos céus”. 
E depois de impor as mãos sobre elas, Jesus partiu dali.

Refletindo
O relato da apresentação das crianças a Jesus, inicialmente repreendidas pelos discípulos, fazem refletir no sentido de que as crianças também fazem parte da família, assim como os idosos, os doentes. Jesus lhes responde com a frase: "Deixem que as crianças venham a mim". As crianças também fazem parte da comunidade. E mais. Elas são modelo de transparência, pureza, de abandono nas mãos do Pai. E Jesus pôs as mãos sobre elas, ou seja, as abençoou.

2. Meditação (Caminho)

O que o texto diz para nós, hoje?
Fala-nos de ensinamentos e gestos de Jesus que devem ser assumidos por nós e por toda pessoa cristã. 

Meditando
Disseram os bispos, em Aparecida: "A resposta a seu chamado (de Jesus) exige entrar na dinâmica do Bom samaritano (cf. Lc 10,29-37), que nos dá o imperativo de nos fazer próximos, especialmente com o que sofre, e gerar uma sociedade sem excluídos, seguindo a prática de Jesus que come com publicanos e pecadores (cf. Lc 5,29-32), que acolhe os pequenos e as crianças (cf. Mc 10,13-16), que cura os leprosos (cf. Mc 1,40-45), que perdoa e liberta a mulher pecadora (cf. Lc 7,36-49; Jo 8,1-11), que fala com a Samaritana (cf. Jo 4,1-26). ( DAp 135)

3.Oração (Vida)
O que o texto nos leva a dizer a Deus?
Rezamos, a canção Amar como Jesus amou, Pe. Zezinho, scj

Um dia uma criança me parou
Olhou-me nos meus olhos a sorrir
Caneta e papel na sua mão
Tarefa escolar para cumprir
E perguntou no meio de um sorriso 
O que é preciso para ser feliz?

Amar como Jesus amou
Sonhar como Jesus sonhou 
Pensar como Jesus pensou
Viver como Jesus viveu
Sentir o que Jesus sentia 
Sorrir como Jesus sorria
E ao chegar ao fim do dia 
Eu sei que dormiria muito mais feliz

Ouvindo o que eu falei ela me olhou
E disse que era lindo o que eu falei
Pediu que eu repetisse, por favor
Mas não dissesse tudo de uma vez
E perguntou de novo num sorriso 
O que é preciso para ser feliz?
Depois que eu terminei de repetir
Seus olhos não saíram do papel
Toquei no seu rostinho e a sorrir
Pedi que ao transmitir fosse fiel
E ela deu-me um beijo demorado
E ao meu lado foi dizendo assim:
Amar como Jesus amou...

4.Contemplação (Vida e Missão)
Qual nosso novo olhar a partir da Palavra? 
Nosso novo olhar e atitudes são orientados pelo que disseram os bispos na Conferência de Aparecida: "Jesus nos diz:
"Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida" (Jo 14,6). Ele é o verdadeiro caminho para o Pai, quem tanto amou ao mundo que deu a seu Filho único, para que todo aquele que nele creia tenha a vida eterna" (cf. Jo 3,16)".(DAp 101)

Bênção

- Deus nos abençoe e nos guarde. Amém.
- Ele nos mostre a sua face e se compadeça de nós. Amém.
- Volte para nós o seu olhar e nos dê a sua paz. Amém.
- Abençoe-nos Deus misericordioso, Pai e Filho e Espírito Santo. Amém.